Crônica: (Re)Engenharia do Rock: QUEM TEM PRESSA, NÃO SE INTERESSA

  • 10/01/2025
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Crônica: (Re)Engenharia do Rock: QUEM TEM PRESSA, NÃO SE INTERESSA

(RE)ENGENHARIA DO ROCK

A engenharia havaiana

Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii

Álbum: A Revolta dos Dândis I

Leonardo Daniel

QUEM TEM PRESSA, NÃO SE INTERESSA

Engenheiros do Hawaii

Quando você me olha

Com seu olhar tranquilo

Sempre diz que falta algo

Ou isto ou aquilo

Você não entende

E se surpreende

Seu olhar já não está tranquilo

Mas quem tem pressa

Não se interessa

Por questões de estilo

(Questões de estilo)

As vozes oficiais dizem

Quem sabe

Dizem: Talvez

Enquanto os vídeos e as revistas

Mostram imagens sem nitidez

Você se espanta

Há tanta coisa nos jornais!

Mas quem tem pressa

Não se interessa

Em andar rápido demais

(Rápido demais)

Eles têm razão

Mas a razão é só que eles têm

A lâmina ilumina a mão

A lâmpada cria a escuridão

Há muita grana atrás de uma canção

Ninguém se engana com uma canção

O tempo que nos gera também gera generais

Mas o tempo nunca espera que cheguem os comerciais

(Os comerciais)

Som!

Nas veias abertas

Da América menina

Um mar vermelho de sangue

Leva navios piratas

Negociatas, concordatas

Candidatos democratas

Sucos e sucatas

Ternos e gravatas

Secando cataratas e lavando as mãos

Dando a impressão de que

Na areia movediça nada se desperdiça

(Os comerciais)

Análise Pessoal:

Em “Quem tem pressa não se interessa” há uma interlocução discursiva sobre o ponderamento poético e a urgência política. Cabível no meio do tom e da arte.

Quando você me olha

Com seu olhar tranquilo

Sempre diz que falta algo

Ou isto ou aquilo

Há um conflito de discurso entre o eu lírico e o seu interlocutor dialógico... entre o que há no ‘isto’ e ‘naquilo’ temos uma relação imagética, que veremos logo a seguir... é difícil querer entender o eu lírico “na marra”... precisamos da chave exegética e ela só vem com os sinais da intuição. “Você não entende/E se surpreende/Seu olhar já não está tranquilo”. Mas quem tem pressa não se interessa por questões de estilo... “o estilo é o homem” diz a célebre frase. Estilo vem de estilete... que são as ferramentas para se esculpir a pedra ou a madeira, na Grécia Antiga. De quem são as vozes oficiais?? Quem escuta essas vozes?? Eles te controlam, dizem “quem sabe” dizem “talvez”. Ao mesmo tempo que a mídia se esforça para ser honesta. “Mostram imagens sem nitidez”.

Você se espanta

Há tanta coisa nos jornais!

Mas de que adianta tudo isso? Porque: “[...] quem tem pressa/Não se interessa/Em andar rápido demais”. Eles têm razão... mas é só isso que eles têm. “Não basta ter coragem. É preciso estar sozinho. É preciso trair tudo. E trazer a solidão. Eu sei que eles têm razão. Mas a razão é só o que eles tem!” (CIDADE EM CHAMAS).

A lâmina ilumina a mão

A lâmpada cria a escuridão

Por que o bem se fez bem? E o mal se contentou no mal? Será realmente que: “Ninguém se engana com uma canção” ?? às vezes penso que se enganam sim, porque o mesmo tempo que nos gera - gera também os diversos e mesmos tipos de generais. “O tempo que nos gera também gera generais/Mas o tempo nunca espera que cheguem os comerciais”.

(Os comerciais)

Os comerciais aqui são na realidade o tempo, ou a pausa entre uma existência e outra. Quem venha com toda força o SOM. Nas veias abertas da América Latina... por que não? “Secando cataratas e lavando as mãos/Dando a impressão de que/Na areia movediça nada se desperdiça”. Isto tudo nos mostra as discrepâncias e tramoias nos leva a navios piratas, picaretas... Negociatas, concordatas... Candidatos democratas... Sucos e sucatas/Ternos e gravatas. O que nos diz o uniforme e a nudez ??

À guisa de conclusão:

Esta música nos mostra as contradições da vida e da poética vindas como arroubo de toda uma tessitura... mas sempre uma busca... ou isto ou aquilo. Quem tem pressa para dizer algo urgente não se preocupa muito se o que ele escreve é um ensaio ou uma crônica por exemplo. O maior absurdo aqui é: “Secando cataratas e lavando as mãos”. Isto é o que mostra a música 10.000 Destinos, vejamos: “Porque será? Me diz? Porque será? Que a gente cruza o rio atrás de água. E diz que não está nem aí. Finge que não está nem aí (nem aí)”... enquanto isso... comerciais ??

11/11/24

Inhumas. 


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