Crônica: (Re)Engenharia do Rock: DESDE AQUELE DIA
- 13/01/2025
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(RE)ENGENHARIA DO ROCK
A engenharia havaiana
Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii
Álbum: A Revolta dos Dândis I
Leonardo Daniel
DESDE AQUELE DIA
Engenheiros do Hawaii – Humberto Gessinger
Desd'aquele dia
Nada me sacia
Minha vida tá vazia
Desd'aquele dia
Parece que foi ontem
Parece que chovia
Um rosto apareceu
(Uma heroína)
O rosto era o seu
(Seu rosto de menina)
Parece que foi ontem
Parece que chovia
Desd'aquele dia
Minhas noites são iguais
Se eu não vou à luta
Eu não tenho paz
Se eu não faço guerra
Eu não tenho mais paz
Não aguento mais
Um dia mais, um dia a menos
São fatais
Pra quem tem sonhos pequenos
Sonhos tão pequenos
Que nunca têm fim
Eu só queria saber
O que você foi fazer no meu caminho
Eu não consigo entender
Não consigo mais viver sozinho
Análise Pessoal:
Em “Desde Aquele dia” temos algo que é trágico e que foi acontecendo sete vezes ao longo do processo histórico da humanidade. E isto é uma referência (in)direta (uma ferida ainda aberta) da queda do casal de anjos, o casal de anjos que caíram.
Desd'aquele dia
Nada me sacia
Minha vida tá vazia
Desd'aquele dia
Aquele dia pode ter sido cometido há muito tempo atrás... ou pode ter anoitecido nessa mesma existência. De qualquer forma, a atual existência tem relação com a primeira queda, do passado, um passado de sete quedas desses anjos. E assim: “Parece que foi ontem/Parece que chovia” – PARECE – mas pode ser que não haja mais o que ficou das quedas, só a sombra das lágrimas. “Quando a pedra caiu na água/Quando o espelho/Foi ao chão” (FAZ DE CONTA).
Um rosto apareceu
(Uma heroína)
O rosto era o seu
(Seu rosto de menina)
Algo muito trágico aconteceu com esse casal, com essa menina que é uma heroína, um rosto manchado por um surto psicótico. Algo que foi assim: “O asfalto fonoaudiólogo do episódio neurológico/A terraplanagem perfeita” (NANDO REIS – PRÉ SAL). E tudo isso coube na parede do esquecimento, as flores que rodavam no entrecenho. “Parece que foi ontem/Parece que chovia”. A queda afeou também o eu lírico da canção: “Se eu não vou à luta/Eu não tenho paz”. E foi algo singular e importantíssimo esta queda. “Pra enfrentar o inverno/Que entra pela porta/Que você deixou aberta ao sair”. (EU QUE NÃO AMO VOCÊ). É para se comemorar é para se ter um brinde. “Um brinde/À tudo de ruim/Que ficou pra trás”. (UM BRINDE).
Não aguento mais
Um dia mais, um dia a menos
São fatais
Pra quem tem sonhos pequenos
A paz está distante, mas “sem você eu sou feliz”. Diz o eu lírico para o anjo caído... diante de sonhos tão pequenos que nunca têm fim. “Um dia super/Uma noite super/Uma vida superficial”. MUROS E GRADES). E a grande busca agora se somou à necessidade de viver de arte, da arte e para a arte. “Eu só queria saber/O que você foi fazer no meu caminho”. Um depende do outro...
Eu não consigo entender... “E você sempre faz confusão, diz que não/ E vem, vem chorando/Vem pedir desculpas/Vem sangrando/Dividir a culpa entre nós”. (JUVENÍLIA – Paulo Ricardo - RPM).
À guisa de conclusão:
Em “Pra ser Sincero”, temos uma relação de como esta queda angélica aconteceu e foi se transformando e é quando antes ele cantava: “Pra ser sincero/Não espero que você/Me perdoe/Por ter perdido a calma por vendido a alma ao diabo”... virou: “Por ter perdido a calma/Peço perdão de corpo e alma”. Morte ao obscurantismo. “Não sei a soma exata, só a ordem de grandeza/Não sermos literais às vezes faz nossa beleza”. (SEI NÃO). Pois fica cada vez mais claro que: “Não consigo mais viver sozinho”.
15/11/2024
Inhumas/GO