Crônica: (Re)Engenharia do Rock: NUNCA SE SABE

  • 21/02/2025
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Crônica: (Re)Engenharia do Rock: NUNCA SE SABE

(RE)ENGENHARIA DO ROCK

 A engenharia havaiana

Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii

Álbum: Ouça o que eu digo não ouça ninguém

Leonardo Daniel

NUNCA SE SABE

Engenheiros do Hawaii

Sei que parecem idiotas

As rotas que eu traço

nunca sei que horas são

É porque nunca se sabe

Até que horas os relógios funcionarão

Sem dúvida a dúvida é um fato

Sem fatos não sai um jornal

Sem saída ficamos todos presos

Aqui dentro faz muito calor

Sempre parecem idiotas

As rotas que eu faço

Sempre tarde da noite

E se ando sempre apressado

Se nunca sei que horas são

É porque nunca se sabe

É porque nunca se sabe

Nem sempre faço o que é

Melhor pra mim

Mas nunca faço o que eu

Não tô afim de fazer

Nem sempre faço o que é

Melhor pra mim

Mas nunca faço o que eu

Não tô afim

Não quero perder a razão

Pra ganhar a vida

Nem perder a vida

Pra ganhar o pão

Não é que eu faça questão de ser feliz

Eu só queria que parassem

De morrer de fome a um palmo do meu nariz

Mesmo que pareçam bobagens

As viagens que eu faço

Eu traço meus rumos eu mesmo, a esmo

E se nunca sei a quantas ando

Se ando sem direção

É porque nunca se sabe

É porque nunca se sabe

Nem sempre faço o que é melhor pra mim

Mas nunca faço o que eu

Não tô afim de fazer

Não viro vampiro, eu prefiro sangrar

Me obrigue a morrer

Mas não me peça pra matar, não!

Nem sempre faço o que é melhor pra mim

Mas nunca faço o que eu

Não tô afim de fazer

Não viro vampiro, eu prefiro sangrar

Me obrigue a morrer

Mas não me peça pra matar, na-na-não!

Mas tento traçá-las eu mesmo

E, se chego sempre atrasado

Se

Análise Pessoal:

Em “Nunca se Sabe” temos mais uma reflexão existencialista... de alguém que sabe quem é e onde se quer chegar. “Sei que parecem idiotas/As rotas que eu traço”. Isto porque seu nome é otário... e: “nunca sei que horas são”. Justamente porque nunca se sabe até que horas os relógios funcionarão... numa catarse apocalíptica que colherá toda humanidade. E de fato: “Sem dúvida a dúvida é um fato/Sem fatos não sai um jornal”. Existe uma coragem de não saber... e “a dúvida é o preço da pureza”. (INFINITA HIGHWAY).

Sem saída ficamos todos presos

Presos onde? E por quanto tempo? “Um dia me disseram/Quem eram os donos da situação/Sem querer eles me deram/As chaves que abrem essa prisão”. (SOMOS QUEM PODEMOS SER). Há um calor que vem do temperamento da ira... e de um mal humor generalizado. “Sempre parecem idiotas/As rotas que eu faço”. Parece que o eu lírico não tem participação política para com a sociedade. Quando na verdade, ele se preocupa com as pessoas, e se esforça um esforço descomunal até tarde da noite... para ajudar esta mesma humanidade.

E se ando sempre apressado

Se nunca sei que horas são

Há quase um contrassenso aí – pois mesmo sem saber que horas são... ele (o eu) só anda sempre apressado. E isto tudo é porque nunca se sabe, ou seja, há uma possibilidade real das coisas acontecerem... “Se a cabeça bate dentro do peito/O afeto/Afeta a razão”. (ESPANTO). E agora nos chega uma revolução cultural na vida de quem é jovem. “No Delta dos Rios, nasce a nova cultura”. (NO DELTA DOS RIOS). Atenção:

Nem sempre faço o que é

Melhor pra mim

Mas nunca faço o que eu

Não tô afim de fazer

Isto não é só um grito de adolescente... é um grito e um hino da juventude. “Te vejo infinita/Invejo quem grita”. (túnel do tempo). Quem pode gritar além do que é a sala de estar? “Disseste que se tua voz tivesse força igual/À imensa dor que sentes/Teu grito acordaria/Não só a tua casa/Mas a vizinhança inteira”. (Há tempos – Legião Urbana). Não fazer o que não está afim de fazer é autoridade idiossincrática e liberdade de espírito. Há uma relação básica entre as coisas e o ser... pois, não é para perder o equilíbrio da razão para ganhar a vida, e muito menos perder a vida pra ganhar o pão.

Não é que eu faça questão de ser feliz

Eu só queria que parassem

De morrer de fome a um palmo do meu nariz

Este é o recado maior desta canção... a fome mata a humanidade... morrem de fome... em meio a indiferença e o desperdício. Fome física mesmo... fome oculta. E insegurança alimentar. E aqui nesse contexto nem falaremos da fome espiritual... “Mesmo que pareçam bobagens/As viagens que eu faço”. Quem pode entender você? “Eu traço meus rumos eu mesmo, a esmo”. E quem pode apontar para aonde irão os erros? Se é que há erros? “E se nunca sei a quantas ando/Se ando sem direção”... justamente porque nunca se sabe... e diante da pressão, “sob medida

só se for sob pressão” (BREVE): “Não viro vampiro, eu prefiro sangrar”... as pessoas podem obrigar o eu lírico a morrer, mas não peça a ele para matar, não!

À guisa de conclusão:

"O essencial é invisível aos olhos" é uma frase do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. E que se pode aplicar tranquilamente aqui... o eu lírico traça a sua jornada mesmo indo contra a corrente da humanidade... “Mas nós vibramos em outra frequência/Sabemos que não é bem assim/Se fosse fácil achar o caminho das pedras/Tantas pedras no caminho não seria ruim”. (OUTRAS FREQUÊNCIAS). E ele (o eu lírico) luta pela salvação das pessoas, e como em Vozes” ele prefere sangrar do que virar vampiro, ele prefere morrer do que matar... ‘nunca se sabe’ porque a cada instante, em cada momento; podemos tomar as rédeas da nossa vida e sermos senhores do nosso destino. 


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