Crônica: (Re)Engenharia do Rock: A Verdade a Ver Navios
- 01/03/2025
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(RE)ENGENHARIA DO ROCK
A engenharia havaiana
Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii
Álbum: Ouça o que eu digo não ouça ninguém
Leonardo Daniel
A Verdade a Ver Navios
Engenheiros do Hawaii
Na hora "h"
No dia "d"
Na hora de pagar pra ver
Ninguém diz o que disse
(não era bem assim)
Na hora "h"
No dia "d"
Na hora de acender a luz
Ninguém dá nome aos bois
(tudo fica pra depois)
Na hora "h"
No dia "d"
Ninguém paga pra ver
Tudo fica pra trás
Querem mais é esquecer
Mas é impossível repetir
O que só acontece uma vez
É impossível reprimir
O que acontece toda vez
Que alguém acorda
Porque já não aguenta mais
E a corda arrebenta
No lado mais forte
É muito engraçado
Que todos tenham os mesmos sonhos
E que o sonho nunca vire realidade
É muito engraçado
Que estejam do mesmo lado
Os que querem iluminar
E os que querem iludir
É muito engraçado
Que todo mundo tenha
Armas capazes de tudo
De todo mundo acabar
No dia "d", na hora "h"
Mas é impossível repetir
O que só acontece uma vez
É impossível reprimir
O que acontece toda vez
Que alguém acorda
Porque já não aguenta mais
E a corda arrebenta
No lado mais forte
É impossível repetir
O que só acontece uma vez
É impossível reprimir
O que acontece toda vez
Que chega a hora
De dizer chega...
... a hora...
... de dizer chega...
Não pagar pra ver
A verdade a ver navios
Onde já se viu?
Análise Pessoal:
Em “A verdade a ver navios” temos uma reflexão sobre a verdade ser uma revelação, e não uma imposição técnica. Quando chega a hora de não faltar com a verdade; surge evasivas... e se tínhamos uma “[...] hora "h" junto com um dia “d”... para o fim do mundo... o fim do mundo já passou, vejamos isso na fala do Renato Russo: “Alguém falou do fim-do-mundo/O fim-do-mundo já passou/ Vamos começar de novo/Um por todos, todos por um”. (Vamos fazer um filme – Legião Urbana). Com isso: “Na hora de pagar pra ver/Ninguém diz o que disse”. E assim não era bem assim...
(não era bem assim)
Finda aqui as mentiras dos hipócritas... na mesma hora “h” no mesmo dia “d”... na mesma hora em que acendemos a luz, ninguém dá os nomes aos bois e com isso tudo fica pra depois. Na mesmíssima hora “h”, no mesmíssimo dia “d”. “Ninguém paga pra ver/Tudo fica pra trás/Querem mais é esquecer”.
Mas é impossível repetir
O que só acontece uma vez
E o que só acontece uma vez? Dizem que: “'Tão correto e 'tão bonito/O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos” (Quase sem querer – Legião Urbana)... a perfeição é um dos deuses mais lindos. Tudo isso em quanto: “Quando a pedra caiu na água/Quando o espelho/Foi ao chão
/Quem estava ao teu lado?/Quem estava com a razão?”. (FAZ DE CONTA).
É impossível reprimir
O que acontece toda vez
Que alguém acorda
Aqui quem acorda é o interlocutor dialógico, mas logo ele é obrigado a dormir e a sonhar, mais uma vez, “Porque já não aguenta mais/E a corda arrebenta/No lado mais forte”. Ele assim luta contra a perversidade dos mais próximos. E: “Eu não quero mais dormir/De olhos abertos me esquenta o Sol” – (Cegos do Castelo – Nando Reis). Ao voltar a sonhar... “Sua consciência
Adormecerá/E acordará no mesmo lugar”. (Mantra – Nando Reis).
É muito engraçado
Que todos tenham os mesmos sonhos
E que o sonho nunca vire realidade
Na verdade, nessa grande divina comédia, é patético e também até ridículo, que temos os mesmos sonhos, mas esses mesmos sonhos, nunca viram realidade. Sinto dizer que isso não pode ser engraçado, ao menos para nós mortais, já que a graça foi logo perdida. E não há afinal, um direcionamento contrário. Ficamos surpresos pois estão:
[...] do mesmo lado
Os que querem iluminar
E os que querem iludir
O bem e o mal juntos num abraço astral. “Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços/Com o bem num romance astral”. (O Trem das sete – Raul Seixas). O bem e mal querem as mesmas coisas, o que muda é a forma de conseguir, a indumentária e as circunstâncias. Continua sendo para o eu lírico o que é muito engraçado, dessa vez: “Que todo mundo tenha/Armas capazes de tudo/De todo mundo acabar”.
No dia "d", na hora "h"
foi só um pesadelo
paz
na terra
em transe
profundo
(Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora)
À guisa de conclusão:
Com uma luta contra a tradição da contradição nos mostra que o interlocutor dialógico é quem acorda, mas que há um basta, um limite. “O que acontece toda vez/Que chega a hora/De dizer chega...”. E sim ele diz chega. “... a hora.../... de dizer chega...”. E assim, “Não pagar pra ver/A verdade a ver navios/Onde já se viu?”. Quem viu a verdade que aponte o dedo. Finalmente porque: “Quantas vezes a gente sobrevive/À hora da verdade?/Na falta de algo melhor/Nunca me faltou coragem”. (Surfando Karmas & DNA). E você vai correr os riscos?
25/11/2024
Inhumas.