Crônica: (Re)Engenharia do Rock: DOIS
- 18/01/2024
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(Re)Engenharia do Rock
Leonardo Daniel
DOIS
Paulo Ricardo e Michel Sullivan
Quando você disse nunca mais
Não ligue mais, melhor assim
Não era bem o que eu queria ouvir
E me disse decidida, saia da minha vida
Que aquilo era loucura, era absurdo
E mais uma vez você ligou
Dias depois, me procurou
Com a voz suave, quase que formal
E disse que não era bem assim
Não necessariamente o fim
De uma coisa tão bonita e casual
De repente as coisas mudam de lugar
E quem perdeu pode ganhar
Teu silêncio preso na minha garganta
E o medo da verdade
Eu sei que eu, eu queria estar contigo
Mas sei que não, sei que não é permitido
Talvez se nós, se nós tivéssemos fugido
E ouvido a voz desse desconhecido
O amor, o amor, o amor, o amor
Essa voz que chega devagar
Pra perturbar e pra enlouquecer
Dizendo pra eu pular de olhos fechados
Essa voz que chega a debochar do meu pavor
Mas ao pular, eu me vejo ganhar asas e voar
De repente as coisas mudam de lugar
E quem perdeu pode ganhar
Minha amiga, minha namorada
Quando é que eu posso te encontrar?
Eu sei que eu, ah, eu queria estar contigo
Mas sei que não, sei que não é permitido
Talvez se nós, se nós tivéssemos fugido
E ouvido a voz desse desconhecido
Eu sei que eu, ah, eu queria estar contigo
Mas sei que não
Não, não, não, não
Não é permitido
Talvez se nós tivéssemos fugido
Análise Pessoal:
Em “Dois” temos já de cara um grande questionamento: o que significa esse nome da canção: “Dois”?. Eu já posso dizer que vamos ‘explicar’ esse título a seguir, mas já podemos ver que se trata de um tempo num relacionamento, que quase findou, onde antes o que era “Um” com a crise e separação virou “Dois”. É um casal que QUASE se separou. Vejamos esse trecho da canção: (Quando você disse nunca mais/Não ligue mais, melhor assim). Foram terríveis essas palavras, nunca mais te ver, nunca mais ligar pra você... não era de fato o que ele queria ouvir e viver, quando ela diz decidida: “saia da minha vida”. E que continuar juntos “era loucura era absurdo” ele quase enlouqueceu. Porém, o inesperado acontece (o sonho) e mais uma vez ela liga pra ele e dias depois, algum dia depois muito especial e imprevisto; ela o procura, com uma linda voz suave:
Com a voz suave, quase que formal
Tudo começa a mudar. Porque ela “disse que não era bem assim” que não seria na verdade o fim de um amor que nem começou, um amor que é tão bonito e casual. Então a solução para essa triste situação começa a pintar no coração dos “Dois” que na realidade tanto se amam:
De repente as coisas mudam de lugar
E quem perdeu pode ganhar
Teu silêncio preso na minha garganta
E o medo da verdade
E o que será a verdade? É a voz do coração, é a voz do amor. E mesmo eles ainda sem poder se encontrarem, eles não veem a hora desse encontro acontecer, afinal ele queria estar com ela, (Eu sei que eu, eu queria estar contigo), mas eles ainda não podem, porque existe um processo esotérico que impede essa união, muitas coisas seríssimas estão em jogo. E então, fica o sonho de fugir e ouvir a voz desse desconhecido, o amor. Essa voz do amor é um presente de Deus, e ela chega devagar, perturba e enlouquece e pede para ele se jogar:
Dizendo pra eu pular de olhos fechados
Essa voz que chega a debochar do meu pavor
Mas ao pular, eu me vejo ganhar asas e voar
O lance aqui é se entregar de corpo e alma, se jogar no mergulho no escuro sem saber que se tem água na piscina, “olhos fechados”, e ele decide; ele irá à luta para reconquistá-la: e igualmente, assim como mágica e de repente: “as coisas mudam de lugar” e ele que vinha perdendo a esperança passa a ganhar, e declara o seu amor: (Minha amiga, minha namorada/Quando é que eu posso te encontrar?).
À guisa de conclusão:
O casal que era UMA SÓ CARNE se vê sendo duas pessoas - DOIS - separadas pela força do destino e a dívida das pessoas; pesando sobre esse mesmo casal, um casal de anjos (eu me vejo ganhar asas e voar), quase separados... mas como disse o QUASE NADA pode ser um QUASE TUDO. Para quem souber ouvir a voz do Amor. E assim quem perdeu pode ganhar. Essa música foi lançada em 1997 no disco do Paulo Ricardo: “O Amor me Escolheu” e fez um sucesso absoluto, eu a ouvia numa fita K-7, e depois em outros formatos e formações. É a minha segunda música preferida, ficando atrás somente da música Catedral, versão da Zélia Duncan.
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Leonardo Daniel
12/10/2023