Crônica: (Re)Engenharia do Rock: SEI NÂO
- 07/09/2024
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(Re)Engenharia do Rock
Leonardo Daniel
SEI NÃO
Engenheiros do Hawaii – Humberto Gessinger
Não sei qual foi a causa e quais serão as consequências
(a borboleta bate as asas e o vento vira violência)
Não sei a soma exata, só a ordem de grandeza
Não sermos literais às vezes faz nossa beleza
Às vezes faz nossa cabeça
Um par de olhos, um pôr de sol
Às vezes faz a diferença
Tentei ficar na minha
Tentei ficar contigo
O que há de mais moderno
Ainda é um sonho muito antigo
Tentei ser teu futuro
Tentei ser teu amigo
O que há de mais seguro também corre perigo
Não sei a quantas anda, é da nossa natureza
Não saber o que fazer às vezes faz nossa certeza
Às vezes faz nossa cabeça
Um par de olhos, um pôr de sol
Às vezes faz a diferença
Tentei ficar na minha
Tentei ficar contigo
O que há de mais moderno
Ainda é um sonho muito antigo
Tentei ser teu futuro
Tentei ser teu amigo
O que há de mais seguro também corre perigo
Análise Pessoal:
Em “Sei Não” o emissor dialógico da mensagem – o eu lírico fala sobre o fenômeno do “efeito borboleta”: “Não sei qual foi a causa e quais serão as consequências (a borboleta bate as asas e o vento vira violência)”. Assim, cria-se uma ambientação propedêutica capaz de jogar na fogueira do Index tantos falsos manuais de vida e conduta. E há sim uma hierarquia espiritual, e quem é o mais elevado “não sabe a soma exata”, mas sim, o coração batendo em sua “ordem de grandeza”, afinal: “Não sermos literais às vezes faz nossa beleza”.
Às vezes faz nossa cabeça
Um par de olhos, um pôr de sol
Às vezes faz a diferença
Quem pode olhar nos olhos da pessoa amada, vê o Universo e toda sua mágica... e faz “dreams”. Se for preciso. O que há de mais moderno, é sim uma variação do mesmo sonho muito antigo. E eu lírico, tentou ficar longe da fama, longe de tudo, mas não foi capaz, porque é preciso de se ter um local de fala. “Sei Não” é a oitava música do disco Surfando Karmas & DNA – dos de 2001 dos Engenheiros do Hawaii. É um álbum conceitual e todas músicas deste álbum tem relações sonoras e semânticas entre si. E ele, o eu lírico inicial tentou ser o futuro de seu interlocutor dialético e tentou ser amigo dele, e não mais um ídolo. Mas não deu certo porque essa proximidade poderia acabar com o encanto e admiração. Porque: “O que há de mais seguro também corre perigo”. Ou seja, esta ligação entre “o olhar o objeto”. Fã e ídolo. Tão necessário tão crucial.
Não sei a quantas anda, é da nossa natureza
Não saber o que fazer às vezes faz nossa certeza
Vive-se um dia de cada vez... pois para cada dia o seu afã como bem percebeu o Mestre dos Mestres. Jesus. Enfim, “Tentei ser teu futuro/Tentei ser teu amigo”.
À guisa de conclusão:
Para tentar concluir este meu trabalho de reflexão, temos um paradoxo em questão, ou o eu lírico de forma deliberada escolhe o caminho de não saber, por que NÃO quer saber, “Não sei qual foi a causa e quais serão as consequências”. E assim desfrutar de plena liberdade da sua própria consciência (certeza, beleza, leveza). Ou então o mesmo eu lírico não sabe mesmo, e precisa passar a saber. Mas: “Não saber o que fazer às vezes faz nossa certeza”.
12/02/24
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