Crônica: (Re)Engenharia do Rock: NA SUA ESTANTE
- 13/09/2024
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(Re)Engenharia do Rock
Leonardo Daniel
NA SUA ESTANTE
Pitty
Te vejo errando e isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícia
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu
Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu
Só por hoje, não quero mais te ver
Só por hoje, não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam (não)
E essa abstinência uma hora vai passar
Análise Pessoal:
Em “Na sua estante” temos um grito de socorro e um manifesto de liberdade. É o fim de um relacionamento machista, no qual o homem a quer e a considera mais um troféu para ser colocado na sua estante. Ele até poderia errar... pois errar pode ser humano... mas se faz outra pessoa sangrar é algo a se lamentar é algo ruim. Afinal: “Te vejo sonhando e isso dá medo/
Perdido num mundo que não dá pra entrar”. O relacionamento vai acabar: “Você está saindo da minha vida/E parece que vai demorar”. É um processo doloroso, e lento. A pessoa se importa com ‘ele’ que deve pelo menos mandar notícia. Ela está lúcida. E já tomou sua decisão.
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia
E não há como ‘ele’ encontrar ‘ela’ em outras pessoas, outras mulheres (estas sim na estante como troféus que ele guarda na sua estante). Ele desperdiçou o relacionamento que tinham. “Eu estava aqui o tempo todo/Só você não viu”.
Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Agora há uma proteção para ela... uma armadura. E mesmo que as coisas vão mal, ela estará longe da loucura, em pé e de queixo erguido.
Só por hoje, não quero mais te ver
Só por hoje, não vou tomar minha dose de você
Ela vai ficar bem sem ele... “Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam (não)
E essa abstinência uma hora vai passar”.
À guisa de conclusão:
O que está na estante? Troféus de mulheres que ele seduziu e conquistou, elas são objetos sexuais, e coleção dele deve ser bem grande. Mas ela está livre dele. E para sempre. Feridas que não se fecham não se curam. Não existirão mais. E dá medo... de tudo isso virar uma tragédia. Mas ela tem sua armadura, feita com o metal da compreensão. Ela estará de pé e de queixo erguido.
28/02/24
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Samara
14/09/2024
Gostei muito da análise!