Crônica: (Re)Engenharia do Rock: TODA FORMA DE PODER
- 16/10/2024
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(RE)ENGENHARIA DO ROCK
A engenharia havaiana
Crônicas sobre a obra de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii
Leonardo Daniel
07/10/24
TODA FORMA DE PODER
Engenheiros do Hawaii
Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada (yeah, yeah)
Fidel e Pinochet tiram sarro de você
Que não faz nada (yeah, yeah)
E eu começo a achar normal que algum boçal
Atire bombas na embaixada (yeah, yeah)
(Uou, uou)
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Toda forma de poder
É uma forma de morrer por nada (yeah, yeah)
Toda forma de conduta
Se transforma numa luta armada (uou, uou)
A história se repete
Mas a força deixa a história mal contada
Tada, tada, tada, tada
Tada, tada, tada, tada
Tada, tada, tada, oh
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
E o fascismo é fascinante
E deixa gente ignorante fascinada (uou, oh)
É tão fácil ir adiante e se esquecer
Que a coisa toda tá errada (uou, yeah)
Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, não
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer (oh)
Yeah, oh
Análise Pessoal:
Em “Toda Forma de Poder” primeira música do primeiro álbum autoral dos Engenheiros do Hawaii: “Longe demais das capitais” de 1986, foi um marco, não só como um disco autoral de estreia como a relevância artística de todo o disco. Lado A e Lado B... vamos à análise... “Eu presto atenção no que eles dizem Mas eles não dizem nada (yeah, yeah)” estamos falando de um eu lírico não alienado politicamente, nem de esquerda nem de direta e assevera: “Fidel e Pinochet tiram sarro de você/Que não faz nada (yeah, yeah)”. Num mundo de muitas guerras, muita morte e destruição, no qual ele, começa a achar normal que algum boçal que atirem bombas nas embaixadas.
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Assim, ele pensa e sente que é possível que num futuro ele esqueça e supere tudo aquilo que viu, entendeu e até evitou. Talvez, até mesmo lançar mão de uma nova vida... um novo remeço. Até que isso aconteça, o eu lírico, navega em outros mares, às vezes calmos, quase sempre agitados, porque: “Toda forma de poder/É uma forma de morrer por nada (yeah, yeah)”, e isso se dá porque: “A história se repete/Mas a força deixa a história mal contada”... muito mal contada, e nós vítimas das ideologias sem nenhum ideal; temos nossas formas de conduta se transformando numa luta armada.
E como se não bastasse o fascismo é fascinante, muito fascinante e deixa a gente ignorante, cada vez mais ignorante e fascinada: “É tão fácil ir adiante e se esquecer/Que a coisa toda tá errada”. E novamente ele presta atenção no que eles dizem, mas eles novamente não dizem nada.
À guisa de conclusão:
É uma letra visionária e existencial. Ela mostra que o poder não leva a nada, que ele se corrompe, e é corrompido, ele, o poder é uma ilusão que merece ser esquecida. E assim com toda calma e esperança ele espera que o futuro seja de fato melhor... mesmo que ele venha de uma nova existência. Um mundo que se apagou para que no futuro possamos deflagrar a bandeira da esperança.
Inhumas, 07/10/24
Leonardo Daniel
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