Crônica: (Re)Engenharia do Rock: BEIJOS PRA TORCIDA
- 11/11/2024
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(RE)ENGENHARIA DO ROCK
A engenharia havaiana
Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii
Leonardo Daniel
BEIJOS PRA TORCIDA
Engenheiros do Hawaii – Humberto Gessinger
quando eu abro a janela
quando eu abro o jornal
eu vejo a cara dela:
a terceira guerra mundial
jogam bombas em Nova Iorque
jogam bombas em Moscou
como se jogassem beijos pra torcida
depois de marcar um gol
falam tanto sobre guerra e paz
mas tanto faz falar ou não
todas as bombas e os generais
são restos mortais da civilização
rebeldes sem rebeldia
viciados em anestesia
fantasmas sem fantasia
gripados na guerra fria
pão e circo, que pé no saco
quem não fica frio, fica fraco
procuro entender qualé a desses caras
procuro um cigarro no bolso do casaco
em todo lugar, um pedaço do fim
um furo de bala, um muro de berlim
muito sangue sai da tela do drive-in:
um filme de guerra, um filme sem fim
Análise Pessoal:
Em “Beijos pra torcida” é uma espécie de relato e desabafo sobre os desmandos da sociedade... “quando eu abro a janela/quando eu abro o jornal” a janela pode ser a janela da alma, e o jornal seria a nossa própria existência. Defraudada pela proximidade com a terceira guerra mundial. Onde:
jogam bombas em Nova Iorque
jogam bombas em Moscou
como se jogassem beijos pra torcida
depois de marcar um gol
O ser humano aqui não é idealizado... sua condição humana é colocada em prova, diante de tantas guerras, de tanta violência. Cada vez mais banalizada. “falam tanto sobre guerra e paz
/mas tanto faz falar ou não” pois a diferença entre o que se pensa e o que se faz, nos colocava em rota em colisão (ROTA DE COLISÃO) Pois afinal, “todas as bombas e os generais são restos mortais da civilização”. São rebeldes sem a beleza da rebeldia... por incrível que pareça são viciados em anestesia... fantasmas sem ilusão da fantasia, gripados na guerra fria... sequelas do mal... enquanto isso, dá-lhe pão e circo... que para os déspotas esclarecidos nessa escura e profunda mediocracia (A HORA DO MERGULHO) é um pé no saco... E quem esquentar demais a cabeça vai perecer... na tentativa de que tudo seria resolvido no futuro de uma nova existência: “procuro um cigarro no bolso do casaco” – mas não será possível. “procuro entender qualé a desses caras”...
em todo lugar, um pedaço do fim
um furo de bala, um muro de Berlim
muito sangue sai da tela do drive-in:
um filme de guerra, um filme sem fim
e com isso, tentaremos mudar de canal, sairmos antes do fim... do filme... “Então, só resta uma solução/Sair no meio da sessão”. (A CIDADE EM CHAMAS).
À guisa de conclusão:
A nulidade humana, os bocáveis que estarão no grande museu de cera... é que estão por detrás dos beijos pra torcida. A anestesia para o corpo e o torpor pra alma. O que podemos fazer?? Quando esse pesadelo terá fim?? E ele teve, em: “Um brinde/Ao fim de um pesadelo/Nuvens pesadas/Marcha da insensatez” (UM BRINDE) há sim esperança. Pois se não tiver mais a torcida, não haverá os patéticos beijos...
15/10/24
Inhumas...
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