Crônica: (Re)Engenharia do Rock: NADA A VER
- 28/11/2024
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(RE)ENGENHARIA DO ROCK
A engenharia havaiana
Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii
Leonardo Daniel
NADA A VER
Engenheiros do Hawaii – Humberto Gessinger
Um cão sem dono, uma árvore no outono
O nono mês de gravidez
Eu perco o sono, ao som de Yoko Ono
E telefono pra vocês
Às vezes eu acordo assustado
(A gente não tem nada a ver)
Mas quando eu te vejo do meu lado
(A gente não tem nada a perder)
De dia eu não te vejo nem desejo
Eu vejo que não dá
(A gente não tem nada a ver)
Toda a noite, a noite inteira, eu penso em ti
Eu penso em te encontrar
(A gente não tem nada a perder)
Nada a ver, nada a perder
Nada a fazer, nada não
Sinto tanto, sinto muito, no meu canto
Enquanto a noite cai
(A gente não tem nada a ver)
Sinto saudade, é verdade, nunca é tarde
Enquanto a chuva cai
(A gente não tem nada a perder)
Eu fico sem saber o que vai ser, o que fazer
Amanhã de manhã
(A gente não tem nada a ver)
Eu sonho com elegância, arrogância
Extravagância do Duran Duran
(A gente não tem nada a perder)
Nada a ver, nada a perder
Nada a fazer, nada não
Às vezes eu acordo assustado
Às vezes eu acordo do teu lado
Às vezes eu fico acordado
Às vezes eu te vejo
Às vezes eu te beijo
Às vezes eu te desejo
Às vezes eu
Nada a ver, nada a perder
Análise Pessoal:
Em “Nada a Ver” temos na verdade a revelação de que é “tudo a ver”... e é isso que tentaremos demostrar nessa análise. “um cão sem dono” o cão representa o instinto sexual e nesse contexto a pedra não foi atirada na água... mesmo assim a árvore perde no outono a cor (Como uma árvore no outono perde a cor” PIANO BAR). O nono mês de gravidez é radical. E ele telefona para o outro casal de cosmocratores do universo... sim o casal adâmico têm também que voltar a viver... pelo menos antes teriam. (O que você não pode, eu não vou te pedir/O que você não quer, eu não quero insistir – PIANO BAR)
Às vezes eu acordo assustado
(A gente não tem nada a ver)
Mas quando eu te vejo do meu lado
(A gente não tem nada a perder)
Às vezes, o eu lírico acorda assustado (Mas tudo o que eu sentia era que algo me faltava/E à noite eu acordava banhado em suor” – INFINITA HIGHWAY). Se antes o eu lírico não tinha nada a ver... agora ele junto de quem o faz viver não tem nada a perder. “(A gente não tem nada a ver)“. Ou seja, são muitos jovens ainda para se reconhecerem. Mas quem mais poderia ser esse cúmplice de toda verdade? Um amor? Ou uma amizade? Ou os dois? “Toda a noite, a noite inteira, eu penso em ti/Eu penso em te encontrar”. Cara são tempos difíceis, por isso que o Humberto Gessinger fala que ele não tem nenhuma saudade dos anos 1980.
Nada a ver, nada a perder
Nada a fazer, nada não
O que eles poderiam fazer se tudo que fosse ser feito é um “nada não” em que o que temos é só possibilidades de “várias variáveis”. Com isso, o eu lírico sofre. “Sinto tanto, sinto muito, no meu canto”. O que no canto dele o que ele pode fazer? Tantas coisas acontecendo. Guerras armas nucleares, destruição do planeta, o segundo sol, etc. tudo isso quando caí a noite: (Escuridão/Hora da colheita/Pra quem semeou vento” – NO INVERNO FICA TARDE MAIS CEDO). E caí a chuva. A saudade que ele sente, que é na verdade o seu guia. Mesmo sem saber o que o próximo dia revelará.
Eu sonho com elegância, arrogância
Extravagância do Duran Duran
Mas cuidado os sinais estão no ar... e não devemos usar a highway pra causar impacto. Cuido com os beijos, cuidado com os afetos magnânimos, já que, “às vezes eu acordo assustado/às vezes eu acordo do teu lado”. E como lhe dar com toda essa situação?
À guisa de conclusão:
Esta música poderia se chamar “Tudo a ver” já que há uma relação dialética entre “nada a ver” e tudo haver” sim há um conflito... limítrofe... o mesmo conflito que ocorre em todo disco (Longe demais das Capitais) lado A e lado B... de um lado a queda do casal de anjos, o casal adâmico, a terra e a água, de outro o casal que é o ar e o fogo... que nunca cai... “Às vezes eu fico acordado” às vezes não... quase sempre. Afinal às vezes eu... SEMPRE TEM O REAL PODER DO QUERER.
20/10/24
Inhumas
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