Crônica: (Re)Engenharia do Rock: A REVOLTA DOS DÂNDIS PART I
- 10/12/2024
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(RE)ENGENHARIA DO ROCK
A engenharia havaiana
Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii
Leonardo Daniel
A REVOLTA DOS DÂNDIS PART I
Engenheiros do Hawaii – Humberto Gessinger
Entre um rosto e um retrato, o real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez
Entre o uniforme e a nudez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o rock inglês
Entre os outros e vocês
Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão
Entre mortos e feridos, entre gritos e gemidos
(A mentira e a verdade, a solidão e a cidade)
Entre um copo e outro da mesma bebida
Entre tantos corpos com a mesma ferida
Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão
Entre americanos e soviéticos, gregos e troianos
Entra ano e sai ano, sempre os mesmos planos
Entre a minha boca e a tua, há tanto tempo, há tantos planos
Mas eu nunca sei pra onde vamos
Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão
Análise Pessoal:
Em “A Revolta dos Dândis I” temos primeiramente entender o que é o Dândi... o Dândi é um tipo de poeta que na verdade não se revoltava com nada, isso é uma subversão que o Humberto faz, sem um anacronismo, Dândi aqui é alguém preocupado com o ser humano e a humanidade - diferente do poeta dândi habitual. Dito isso, vamos à análise que posso fazer... o eu lírico começa traçando um paralelo conceitual, mas não rudimentar entre o rosto e um retrato, o real e o abstrato, a loucura e a lucidez, o uniforme e a nudez, o fim do mundo e fim do mês, a verdade e o rock inglês, e afim entre os outros e vocês... pouca coisa escapou dessa portentosa lista. Não é mesmo??
Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
O estrangeiro é mesmo do “um estranho no ninho ninguém estranha” (SOPA DE LETRINHAS). E o passageiro de algum trem é o mesmo trem do “Trem das 7” de Raul Seixas. Nesse trem podemos já deduzir que o poeta dândi é também o mesmo que o: “Tiozão tóxico, esteta da treta/Vive nas cavernas de outro planeta”. (TOXINA).
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão
Eu entendo que esse mesmo trem é formado pelo movimento gnóstico, que quase não passa mais por aqui, e infelizmente pode ser considerado uma ilusão. Devido à inconsciência do povo. Agora aqui está posto a luta entre o bem e o mal. Entre o inefável e o nefando... entre todos os mortos e os que foram feridos, entre os gritos e os gemidos, quem mente e quem diz a verdade... quem vive na solidão mesmo na mesma cidade, entre copos que não curam a mesma ferida, que é a mesma detectada nos: “Olhos de ler código de barras” (NEM + UM DIA).
Entre americanos e soviéticos, gregos e troianos
Entra ano e sai ano, sempre os mesmos planos
Esta passagem tem ligação com o seguinte trecho a música da Legião Urbana (Mais do Mesmo) quando o leu lírico dela diz: “Quem vai tomar conta dos doentes? E quando tem chacina de adolescentes?” Isto porque entre as bocas... sofrem com a distância da rotina (há tantos planos) mas é a vida que se finda, e, até mesmo, assim, ele (o eu) não sabe pra onde eles vão...
À guisa de conclusão:
Para tentarmos concluir a análise precisamos associar o Dândi com a sua revolta... pois aqui ele de fato se importa. Com as pessoas. Ele só de fazer associações surpreendentes, mostra que se importa e se encaixa nas novas circunstâncias. Usar a imagem do trem como metáfora, nos remete ao transporte polissêmico, e como é assim, eu para mim posso pensar que no meu estilo e: “quem tem pressa não se interessa por questões de estilos”; que esse trem pode sim significar o Movimento Gnóstico, e o maquinista é esse mesmo eu lírico. É o que eu no momento posso dizer...
24/10/24
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