Crônica: (Re)Engenharia do Rock: TERRA DE GIGANTES
- 14/12/2024
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(RE)ENGENHARIA DO ROCK
A engenharia havaiana
Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii
Álbum: A Revolta dos Dândis I
Leonardo Daniel
TERRA DE GIGANTES
Engenheiros do Hawaii
Ei, mãe!
Eu tenho uma guitarra elétrica
Durante muito tempo isso foi tudo
Que eu queria ter
Mas, ei mãe!
Alguma coisa ficou pra trás
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer
Ei, mãe!
Tem uns amigos tocando comigo
Eles são legais, além do mais
Não querem nem saber
Mas agora, lá fora
Todo mundo é uma ilha
A milhas e milhas e milhas
De qualquer lugar
Nessa terra de gigantes
Eu sei, já ouvimos tudo isso antes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes
As revistas, as revoltas, as conquistas
Da juventude são heranças
São motivos pras mudanças de atitude
Os discos, as danças, os riscos
Da juventude
A cara limpa, a roupa suja
Esperando que o tempo mude
Nessa terra de gigantes
Tudo isso já foi dito antes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes
Ei, mãe!
Já não esquento a cabeça
Durante muito tempo
Isso foi só o que eu podia fazer
Mas ei, ei, mãe!
Por mais que a gente cresça
Há sempre coisas que a gente
Não pode entender
Por isso, mãe
Só me acorda quando o Sol tiver se posto
Eu não quero ver meu rosto
Antes de anoitecer
Pois agora lá fora
O mundo todo é uma ilha
A milhas e milhas e milhas
Nessa terra de gigantes
Que trocam vidas por diamantes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes
Nessa terra de gigantes
Que trocam vidas por diamantes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes
Ei, mãe
(Ei, mãe)
Análise Pessoal:
Em “Terra de Gigantes” temos uma poderosa prece de um filho se dirigindo a sua mãe... é também um hino à juventude. E uma esperança no ar, apesar dos pesares. O “Ei” presente na elocução “Ei Mãe” mostra duas cosias, a primeira uma amizade, e intimidade com a mãe do eu lírico, e a segunda, que se trata de um assunto que já é em comum. Ter a guitarra elétrica pode ser uma espera muito antiga, antiga mesmo, até de outras vidas... “Durante MUITO TEMPO isso foi tudo/Que eu queria ter”.
Mas, ei mãe!
Alguma coisa ficou pra trás
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer
Há algo faltando ao eu lírico que parece não ter como se resolver... “Alguma coisa ficou pra trás” e no hoje não há o que tinha antigamente. Ele está preocupado e distante. Mas ele não está sozinho “Tem uns amigos tocando comigo”. O Humberto troca com frequência nos shows: “Amigo” pela naturalidade da cidade do show, como: “Tem uns paulistas tocando comigo”. E afinal, eles são legais, e além do mais são um tipo de dândi que não quer nem saber, que não adianta ser da esquerda, e muito menos da direita e vivem de forma audaciosa a arte pela arte.
Mas agora, lá fora
Todo mundo é uma ilha
O “mas” demostra que há diversidades, e adversidades, porque todo mundo se tornou uma ilha, perdida a milhas e milhas de qualquer lugar desse pequeno planeta Terra. Terra de Gigantes. Nessa terra de gigantes trocam vidas por diante... e sei que já ouvimos tudo isso antes, este problema é um problema histórico que acompanha a campanha o eu lírico deste sempre.
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes
A juventude aqui posta não é a mesma juventude da música da Legião Urbana: “Geração Coca-Cola” que, tem um discurso mais marxista. A juventude de “Terra de Gigantes” é uma banda sim, só que contida numa propaganda de refrigerantes com todo o entusiasmo que contagia. Com toda euforia e esperança juvenil. Ela a juventude tem o poder necessário para mudar o mundo. “As revistas, as revoltas, as conquistas/Da juventude são heranças”. São heranças para deixar para a educação dos filhos desta mesma juventude... as revistas podem significar os livros lidos e amados com toda empolgação. Livros que fogem do cânone acadêmico e escolar. Como se lê uma revista. E isso traz avanço culturais e isso traz conquistas. E isso tudo: “São motivos pras mudanças de atitude”. E sim há evolução. Nos discos, nas danças, nos riscos...
A cara limpa, a roupa suja
Esperando que o tempo mude
A cara limpa é sem marcas de expressão do medo e da ira. A cara dos caras pintadas... como eu fui... e a roupa suja pois quem tem pressa não tem tempo de limpar. Mas há a espera de que o mundo mude. Se a juventude soubesse do poder que ela tem... diante disso tudo. O eu lírico já não esquenta a cabeça... e dentro de muito tempo isso foi tudo que ele podia fazer. Vida após vida. “Sabendo de tudo sem saber por quê/Eu só tô começando e já cheguei ao fim”. (Nunca é Sempre). E por mais que a gente cresça há sempre coisas que a gente não pode entender (compreender, fazer, etc.).
Por isso, mãe
Só me acorda quando o Sol tiver se posto
O Sol nasce sem saber o que irá iluminar. “O sol voou rasante pra me bombardear” (NEM + UM DIA). Porque: “Eu não quero ver meu rosto/Antes de anoitecer”.
À guisa de conclusão:
Em “Terra de Gigantes” vidas são trocadas por diamantes. E QUANTO VALE A VIDA? “São segredos que a gente não conta/Contas que a gente não faz/Quem souber quanto vale, fale em alto e bom som”. Apesar dos pesares, apesar da ganância desumana... que faz as pessoas viverem em seus aquários em suas ilhas... a banda ainda toca lá fora. “Sei que lá fora a banda toca em outro tom/Lá fora ainda rimam soluções”. (PRA FICAR LEGAL). Essa juventude aqui não é de fato a mesma da “geração Coca-Cola”... ou até mesmo da contemporânea geração chamada geração Nutella. Para o Humberto Gessinger a juventude é contagiante.
28/10/2024
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