Crônica: (Re)Engenharia do Rock: FILMES DE GUERRA, CANÇÕES DE AMOR

  • 23/12/2024
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Crônica: (Re)Engenharia do Rock: FILMES DE GUERRA, CANÇÕES DE AMOR

(RE)ENGENHARIA DO ROCK

A engenharia havaiana
Crônicas sobre a obra musical de Humberto Gessinger e os Engenheiros do Hawaii
Álbum: A Revolta dos Dândis I
Leonardo Daniel

FILMES DE GUERRA, CANÇÕES DE AMOR
Engenheiros do Hawaii
Os dias parecem séculos
Quando a gente anda em círculos
Seguindo ideais ridículos
De querer, lutar e poder

As roupas na lavanderia
O analista passeando na Europa
As encomendas na Bolívia
E nas fotos um sorriso idiota

Os dias parecem séculos
E se parecem uns com os outros
Como enfermeiras em filmes de guerra
E violinos em canções de amor

A seguir cenas obscenas
Do próximo capítulo
É só virar a página
E o futuro virá

Filmes de guerra, canções de amor
Manchetes de jornal, ou seja lá o que for
Há sempre uma história infeliz
Esperando uma atriz e um ator

Há vida na terra, há rumores no ar
Dizendo que tudo vai acabar
(Mais uma história infeliz)
(Esperando um ator e uma atriz)

Não tenho medo de perder a guerra
Pois no fim da guerra todos perdem
No fim das contas as nações unidas
Tão sempre prontas pra desunião

Não tenho medo de perder você
Desde o início eu sabia
Era só questão de dias
Um dia iria acontecer

Preciso beber qualquer coisa
Não me lembre que eu não bebo
O que só nós dois sabemos
Nós sabemos que é segredo

Há um guarda em cada esquina
Esperando o sinal
Pra transformar um banho de piscina
Numa batalha naval

Agora sinto um medo infantil
Mas na hora certa afundaremos o navio
Então dê um copo de aguardente
Para um corpo sentindo frio

Preciso beber qualquer coisa
Você sabe que eu preciso
E o que só nós dois sabemos
Já não é mais segredo

Se alguém, seja lá quem for
Tiver que morrer, na guerra ou no amor
Não me peça pra entender
Não me peça pra esquecer

Não me peça para entender
Não me peça pra escolher
Entre o fio ciumento da navalha
E o frio de um campo de batalha

Chegamos ao fim do dia
Chegamos, quem diria?
Ninguém é bastante lúcido
Pra andar tão rápido

Chegamos ao fim do século
Voltamos enfim ao início
Quando se anda em círculos
Nunca se é bastante rápido
Análise Pessoal:

Em: “Filmes de Guerra, Canções de Amor” nós temos exatamente isso... a relação entre os filmes de guerra com as canções de amor... “Os dias parecem séculos/Quando a gente anda em círculos”... ou seja, a revolta que leva ao mesmo lugar. “Seguindo ideais ridículos/De querer, lutar e poder”. Pois: “Toda forma de poder/É uma forma de morrer por nada”. (TODA FORMA DE PODER).

As roupas na lavanderia

Não sejamos literais, as roupas na lavanderia, pode ser as mesmas roupas supra-existenciais, e superlativas do SER, como em Alceu Valença (No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento/E o Sol quarando nossas roupas no varal” (ANUNCIAÇÃO) ... como em Zé Ramalho: “Na laje fria onde coarava/Sua camisa e seu alforje de caçador” (AVÔHAI). E como em Nando Reis: “E o que eu deixei?/Algumas roupas penduradas/Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava” (POR ONDE ANDEI).

O analista passeando na Europa

Aqui não se trata exatamente de o analista viajar para o continente europeu, mas sim de haver uma anamnese, recordações e reminiscências de um passado anterior que moldou a psique desse paciente. E em quanto isso chega da Bolívia a encomenda tão vistosa, o chá de ayahuasca, mas esse interlocutor não pode comungar dela, pois nas fotos um sorriso sôfrego... o afasta ele, porém ele é alguém que impõe respeito.

Os dias parecem séculos
E se parecem uns com os outros
Como enfermeiras em filmes de guerra
E violinos em canções de amor

Há os dois estremos, mas que paradoxalmente se aproximam. As enfermeiras em filmes de guerra, e os violinos em canções de amor. Há um ponto de união que revela a condição humana.
“Arame farpado, silêncio de chumbo/”. (ARAME FARPADO). Aqui, diante do paradoxo que liga os proeminentes propósitos, eu tenho fé na força do silêncio” pois não posso revelar tudo. As cenas obscenas são assim devido ao apelo da violência. Que traz para perto, o próximo capítulo; assim é só virar a página de mais uma existência que do futuro virá.

Filmes de guerra, canções de amor
Manchetes de jornal, ou seja lá o que for
Há sempre uma história infeliz
Esperando uma atriz e um ator

[...]

Há vida na terra, há rumores no ar
Dizendo que tudo vai acabar
(Mais uma história infeliz)
(Esperando um ator e uma atriz)

Na verdade, não é esperando “um ator” e “uma atriz” e sim “o ator e a atriz” que é o chamado casal adâmico, “Há vida na terra/Há chances de erro/Não há nada que possa nos proteger”. (Túnel do Tempo). “Há vida na terra, há rumores no ar/Dizendo que tudo vai acabar”. Como mostra a música: “ROTA DE COLISÃO”: “A diferença do que se pensa e o que se faz/Isso nos coloca em rota de colisão/Estamos em rota de colisão”. Na verdade, estávamos... já que no fim das contas em toda guerra todos perdem, mesmo sendo guerras de fliperama. E infelizmente no fim das contas é uma conta que não fecha. “No fim das contas as nações unidas/Tão sempre prontas pra desunião”. O casal adâmico não pode continuar no Trem das Sete, eles tiveram que descer, e isso... é o que se diz; que nessa linda história os diabos são anjos. (Dessa Vez) Nando Reis.

Preciso beber qualquer coisa
Não me lembre que eu não bebo
O que só nós dois sabemos
Nós sabemos que é segredo

Então o eu lírico diz que precisa beber qualquer coisa. Como quem também acende um cigarro, preconizando uma nova existência. E o que só eles sabem... o segredo que eles sabem... é também o que está em: “Somos suspeitos de um crime perfeito/Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos” (PRA SER SINCERO).

Há um guarda em cada esquina
Esperando o sinal
Pra transformar um banho de piscina
Numa batalha naval

Há guardiões. Há sensores... “sem poder de censura”... onde toda forma de conduta se transforma numa luta. – uma luta que tem motivos banais. “Agora sinto um medo infantil/Mas na hora certa afundaremos o navio”. O medo infantil é o medo do fim do mundo. E na hora certa vão puxar o tapete voador, afundarão o navio... pois o coração mesmo; do eu lírico é um porta aviões com pousos para a própria chuva de contêineres. “Então dê um copo de aguardente/Para um corpo sentindo frio”. Sim temos nossos segredos... e um dia esses mesmos segredos serão o óbvio então cairá por terra... a espera acabou.

À guisa de conclusão:

Filmes de Guerra, Canções de Amor... é uma letra longa e didática. No fim, percebemos que quem seja lá o que for... que tiver que morrer na guerra ou no amor – não há como explicar ou entender, e também não há como esquecer, tanto sofrimento. E o eu lírico mesmo não consegue escolher entre o difícil caminho, do fio da navalha ou o campo de batalha. Afinal, “Chegamos ao fim do dia/Chegamos, quem diria?/Ninguém é bastante lúcido/Pra andar tão rápido”. E no final... “Chegamos ao fim do século/Voltamos enfim ao início/Quando se anda em círculos/Nunca se é bastante rápido”. Música emblemática que inclusive virou nome de disco...
02/11/2024

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